sábado, 1 de dezembro de 2012

Tão forte e tão perto (Extremely Loud and Incredibly Close), 2011


Começar essa nova etapa (novo blog, novo emprego, novas experiências) com esse filme pode parecer um pouco pretensioso. E é. Sai do meu emprego exatamente ontem. E começarei em breve o que chamo de "uma jornada de auto conhecimento". Pode parecer pedante ou por suposição de que quero ir longe, além do que quero, mas é o que quero. Mas isso eu conto depois. O que vocês precisam saber agora é que estou com esse projeto de um filme por dia. Mas sendo bem sincero: todo mundo sabe que isso pode não acontecer. E talvez não aconteça. Talvez eu só volte ver um filme e postar sobre ele daqui alguns meses, ou nunca mais, ou esse blog vire um sucesso e eu seja chamado para escrever um livro sobre ele (que viraria um filme, ironicamente) aos moldes de Comer, Rezar e Amar (nunca sei se a ordem dos verbos é essa). Mas isso não importa. Estou mais preocupado no agora. E o agora inclui ter visto esse filme um dia após uma explosiva briga com minha mãe, com direito a um sonoro "você morreu para mim". Antes que me julguem por crueldade, esperem para que eu conte essa história em outra ocasião, se assim houver outra ocasião.
Fiquei sabendo do filme na época do Oscar mesmo. Antes um pouco, talvez. Vi o trailer, mas me lembro de um amigo ter se esforçado muito para que eu visse. Eu juro que tentei ver. Cheguei até marcar seriamente uma vez de ir ao cinema somente para assistí-lo. Quem me conhece sabe que eu gosto de ver todos os filmes que concorreram ao Oscar só para criticar a escolha da Academia, como se a minha opinião (e a de todo mundo) influenciasse em algo. Mas a gente continua dando nossas opiniões.
Saiu de cartaz. Não ganhou o Oscar, então não me pressionei nem me culpei tanto por isso. Mas meu amigo insistia: VOCÊ PRECISA VER, em capslock. Corri para o torrent. Baixei e ele ficou guardado na minha pasta - com filmes que preciso ver - por mais de 6 meses. Até o dia de hoje.
E entendi o que o meu amigo dizia com o "VOCÊ PRECISA VER". Tenho algumas ressalvas ao filmes, que farei mais adiante. Mas acho que foi bom ter esperado para ver esse filme. Caiu como uma luva nessa "meu momento". O filme é uma grande jornada de auto conhecimento, que muitas vezes pode não dar em nada. Somente em frustração ou em uma lição de vida inesperada. (Vou evitar contar sobre o filme do filme, mas evite criar expectativas)

Como estava dizendo, acredito que o meu amigo me achou parecido com o garoto da história. E talvez eu seja, uma identificação meio óbvia e clichê por achar que eu pareço com qualquer garoto de filme que seja órfão de pai. Mas não vou julgar quem acha isso, porque nesse caso, de fato, há algumas semelhanças. Mas mais do que estas semelhanças, há ainda a abordagem do 11 de setembro, que para todos que tem seus 20 e poucos anos, eram crianças quando os prédios caiam na transmissão ao vivo da TV. Mesmo para nós, de uma realidade um pouco distante da de Nova York, tudo era tão forte e tão perto (desculpem o trocadilho).
A história? É sobre um garoto de 11 anos - vale ressaltar que eu tinha 13 anos no dia 11/09/2001, Oskar Schell (vivido muito bem pelo estreante Thomas Horn), que perde o seu pai e amigo, Thomas Schell (Tom Hanks) por conta do atentado terrorista ao World Trade Center. Na solidão, pois considera sua mãe ausente, ele acaba descobrindo, nas coisas do pai, uma chave, que poderia abrir qualquer coisa do mundo. Mas ele decide achar a fechadura dessa chave (e sem ser um grande spoiler, pois a narrativa, em alguns momentos tende ao previsível, ele, no fundo, consegue achá-la). Uma pista: o sobrenome Black está atrás do envelope que continha a chave. Pronto, a jornada começaria. Ele entra em contato com todos os habitantes de Nova York que assinam este sobrenome. E conhece várias pessoas nesse meio do caminho, inclusive o inquilino de sua avó, interpretado pelo sueco Max von Sydow - indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Merecido, pois Sydow emociona sem dizer nenhuma palavra, afinal seu personagem é mudo (não por deficiência, mas por escolha).
A direção Stephen Daldry (também de As Horas e O leitor) é exata em quase todos os momentos. Me incomodou um pouco os planos fechados e os detalhes, por vezes exagerado. Não sei como funcionou no cinema, mas imagino que tenha sido um pouco demais. Mas ele acerta em planos abertos longos e câmeras que movimentam demais - o que curto bastante. Acredito que uma das maneiras de saber se um diretor é bom ou não é ver como os atores infantis se saem em um filme. E, neste caso, o garoto protagonista segura bem todas as duas horas da história. Talvez, Daldry seja um bom diretor de atores. A direção de fotografia e de arte trabalharam muito bem na exploração das cores, como na cena abaixo:


Talvez eu diga uma centena de vezes nesse blog como eu amo cenas com os personagens em um bloco chapado. Chamam muito a minha atenção e passam uma sensação de estar dentro da película e mais perto dos personagens. Mas voltando ao filme, a fotografia parece ter sido toda com aquele efeito de instagram onde as fotos parecem ter cores mais vibrantes e com contraste, além do foco estar sempre no centro, como um círculo onde o que está fora dele está desfocado. Não entendo merda nenhuma de fotografia, apenas digo se gosto ou não. E gostei muito.
Confesso que não reparei na trilha. Mas me emocionei algumas vezes, então deve ter ajudado bastante. Outro destaque foi a Sandra Bullock que interpreta um excelente personagem e o faz na medida certa. Talvez para valer a pena pelo Oscar ganhado injustamente. Tom Hanks é apenas Tom Hanks, um dos meus atores preferidos de Hollywood, então fica difícil de dar uma opinião.
Muitos críticos alegaram que foi um grande melodrama exagerado de auto-ajuda. Talvez tenha sido. E se foi, ao menos me ajudou e me deixou mais tranquilo diante dessa nova jornada que eu começo. Dizer que não tenho medo da frustração é mentira, mas pelo menos eu sei que apesar dela existe, a gente terá vivido alguma coisa e aprendido algo. Nem que seja nunca mais ser pretensioso em um primeiro post de um blog.


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