domingo, 9 de dezembro de 2012

Clandestinos, 2010 - 2012

Antes de mais nada peço desculpas por fazer uma resenha de algo que você que lê não poderá assistir. E peço desculpas também por não ser um filme, mas uma peça de teatro. Se serve de desculpa, meu final de semana cultural reuniu três grandes espetáculos teatrais: Tim Maia - O musical, Besame Mucho e Clandestinos. Não poderia falar de outra coisa senão de teatro nesse dia de hoje. Mas se posso te alegrar, querido leitor, é informar que Clandestinos, a peça teatral, virou seriado na TV Globo há dois anos. E o seriado tem em DVD e no YouTube. Após ler esta resenha, corra para lá.
Vamos voltar ao fim de semana. Ontem, durante a sessão do musical sobre o cantor Tim Maia e sua obra, aconteceu uma fatalidade que acabou tendo, em mim, resultados diferentes do que eu esperava: acabou a luz. Sim, isso mesmo. Um curto circuito acabou com a energia elétrica no Teatro Net Rio, em Copacabana, poucos segundos após começar o segundo ato. Tirando a frustração, o evento foi mágico pois podemos ter um momento único, uma experiência terrível para os atores, sobretudo Tiago Abravanel (que interpreta Tim), mas estonteante para quem assistia. Estivemos próximos dos personagens, invadimos o palco, no sentido conotativo da palavra. E o elenco invadia nossa plateia, nosso espeço, no sentido denotativo da palavra. E nos fizemos um. Abravanel me ganhou além de sua digna atuação com o seu carisma, jogo de cintura e educação. Tiago fez questão de ir para porta do teatro, se desculpar e abraçar cada um do público presente, que entre berros e indignações, tinha informações sobre como ter o dinheiro devolvido ou trocar por outro dia de exibição. Eu voltarei, quero ver como acaba esse musical. E quem sabe contar aqui para vocês. Até o momento posso dizer que os atores são excelentes, mas peca pelo didatismo e pela forma escolhida de contar a história. A narração não foi muito bem empregada. As cenas clássicas eram excelentes, mas todo momento que surge um narrador, eu fiquei com a sensação de estar sendo subestimado. Nivela por baixo, uma pena. Mas ainda assim, vale muito a pena ver. Pelo menos o primeiro ato - que foi o que vi até agora.
Segui no domingo pela segunda peça. Besame Mucho. Um filme dos anos 80 que virou peça. O texto de Mário Prata é fantástico. Os atores são bons, mas se torna insuportável em sua quase uma hora e meia de história. A montagem deixou a desejar muito. Talvez funcione no cinema, mas deve haver quem goste, afinal está em cartaz há dois anos.
Encerrei a minha noite de domingo assistindo a última apresentação de Clandestinos, espetáculo de João Falcão, que está em cartaz desde 2009. A mitologia de sua história engole a própria história (ou estória, já que verdade e mentira não se definem bem). Falcão, em 2009, anunciou que estava escalando jovens atores para fazer uma peça. O que ele não esperava era que 400 inscritos apareceriam na porta do Teatro Glória. 14 foram selecionados. E a partir da vida de cada um desses atores ele fez o espetáculo que conta a trajetória de jovens que lutam para realizar o seu maior sonho: ser ator no Rio de Janeiro.


Me interessam obras despretensiosas e leves. Histórias que agradam todo o tipo de público, do menos ao mais exigente - por igual. Sem a obrigatoriedade de nivelar por baixo. Essa linha de comentário já explica muito bem qual é minha opinião sobre a peça. Você ri, se emociona, entende a verdade dos personagens, porque há verdade ali (em um grau que não sabemos ao certo) e essa verdade nos diverte. Somos voyeurs de jovens que lutam pelo sonho. Há a identificação por conta da minha profissão, mas mais ainda, há a compreensão da estrutura do sonho: precisamos ir em busca dele. E só assim conseguimos.
Tenham o contato, para quem ainda não teve, com a série de TV, que apesar de algumas mudanças (estamos falando de TV aberta), se manteve bem fiel à sua história original. O elenco - ah, o elenco - nem se fala. Não há um destaque, pois todos brilham. E são todos excelentes, sem exceção. Divertido, crítico, ácido, emocionante.
No mais, prometo voltar amanhã com um filme.

Veja o primeiro episódio abaixo. A qualidade está ruim, mas ainda assim vale a pena.

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