terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Canção de Baal, 2008

Estou morto. E olha que nem foi um dos dias mais puxados, me disseram alguns. Contou com aula de Direção de Atores, reunião de roteiro, gravação de filme e depois um lançamento de livro com apresentação interminável e mais uma reunião de roteiro (agora por telefone).
Valem duas informações relevantes da minha vida. Comecei meio que em cima da hora um curso de cinema, que inclui aulas de Roteiro, Direção e Produção. Isso tudo porque é a área que estou me voltando 100% nessa nova etapa. Fui chamado recentemente para escrever para uma produtora de cinema aqui no Rio (Ikebana Filmes). Terminei meu primeiro roteiro há quase um mês e ele foi rodado hoje. E continuará amanhã. É um curta chamado "Quando se perde a esperança não se tem mais nada a perder", que escrevi em conjunto com Armênio Dias e Allan Souza Lima (que também é o diretor do filme). No elenco, Igor Cosso, Nívea Stelmann e Gisele Froes (vejam algumas fotos aqui no meu instagr.am).
Mas onde quero chegar com isso tudo? Hoje eu assisti um dos piores filmes de toda a minha vida. E olha que já vi muito filme ruim. Para a aula de roteiro, eu precisava assistir "Canção de Baal" como atividade para entender a importância do roteiro clássico para o cinema. E cada aluno deveria escrever uma resenha. Ainda não editei, mas segue abaixo a resenha que fiz para a aula:



CANÇÃO ONÍRICA (e pedante) DE BAAL

Não sou daquele tipo de espectador que critica o experimental como forma de se demonstrar pedante. E nem acho pedante uma crítica fundamentada ao extremo. Porem, não me cabe outra palavra para expressar a vontade – exageradíssima – de expressar que sabe muito de Brecht. Não precisava, minha cara senhora.
O pior da tentativa do filme não foi ser experimental, mas onírico. É tudo um amontoado de frases soltas, ações “desacionadas”, típico para entreter críticos (também pedantes) de festivais, retomando ainda mais a máxima do pedantismo do cinema brasileiro não comercial. Usei muito a palavra pedante, não pretendo usá-la mais. Não acho uma boa crítica. E “bons” críticos se armam mais com boas palavras do que com bons argumentos.
O tempo do filme é descrito de forma aleatória. Cenas jogadas ao vento, que até fazem algum sentido em sua ordem, mas não são categorizadas para fazerem sentidos. A proposta é mostrar uma adaptação de um método e uma teoria brechtiana oriunda dos palcos para as telas. O conflito de Baal não entretem. E as atuações ficam tons acima do naturalismo que o cinema buscou e alcançou em anos de luta e conquista. Baal é quase uma celebridade, mas prefere o campo, como um poeta maldito parnasiano. E nesse ambiente, leva a bagunça por onde passa. Mas falta contexto, quem não conhece Brecht ficará bem perdido nesse meio termo. E fazer arte ao mesmo tempo que entretém tem sido uma missão bem difícil para os intelectuais.
O drama de Baal se perde diversas vezes e, além de atenção (leia-se segurar para não dormir), é preciso do contexto dito acima. Baal nega o crescimento profissional e vive de amor e sexo pela natureza. Se apaixona por mulheres e homens, e fica vagando por essa tentativa de levar o teatro para o cinema. De fato, conseguiu, só não funcionou. É um filme para críticos e intelectuais. E olhe lá.  

Está achando que eu peguei pesado demais na crítica? Ah, mas o filme ganhou o festival de Gramado. Bem, não foi pelo Juri Popular. Foi pela crítica. E certamente, nem todos os ~da crítica~ que votaram entenderam todas as referências teatrais e brechtianas que existiam no filme. Realmente, reconheço que é muito importante o roteiro clássico. Inovações são bem vindas. Cinema experimental é uma coisa, pedantismo é outra. E depois, olhando para o dia de hoje, vejo que também aprendi muito que um bom roteiro necessita de um bom diretor. E quanto a isso, pode ter certeza que o curta "Esperança" não tropeçará. Allan tem feito tudo com bastante maestria. Aguardem. Gramado te espera! E dessa vez, justo, bem diferente da canção de Baal. 



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